Vivemos num mundo de dualidade: preto e branco, frio e calor, rápido e lento, sombra e luz. Temos a ilusão de que são opostos e inconciliáveis. Esquecemos da gradação que existe entre os polos: para chegar ao branco, o preto se desfaz em vários tons de cinza e o branco o encontra nos vários tons de gelo; o frio busca o calor na escala das temperaturas e o calor se deixa envolver nessa modulação; o rápido diminui o ritmo para alcançar o lento ao mesmo tempo em que o lento apressa seu passo, até encontrarem uma velocidade confortável para os dois; e a sombra encontra-se com a luz no amanhecer e no crepúsculo.
Como seriam nossas vidas se precisássemos escolher uma polaridade? O que seria do artista que trabalha com as variações de sombra e luz? Como apreciar o frio se desconhecêssemos o calor? E o que seria do arco-íris se só focássemos “preto no branco?”
Na natureza não há incompatibilidade, os polos são complementares. E como fazemos parte dela, conviver com alguém que aparentemente está em outro polo é uma questão de escolha e dedicação para encontrar o ponto de equilíbrio, onde é possível o encontro. Olhar o outro através de um caleidoscópio, e ver a beleza da diversidade. Seguir em direção ao encontro, e modular os vários tons de que somos feitos. O mundo seria mais colorido e estaríamos integrados com a natureza em sua unidade.
