Política e Cidadania

A palavra “política” tem sido aplicada em vários sentidos e contextos, a mais das vezes, no pejorativo. Confesso que não sou estudiosa da ciência política, e por muito tempo me alijei da política partidária, por não acreditar que essa forma humana de atuar pudesse, de fato, cumprir a sua função, que é estar a serviço da comunidade.


Mas isso mudou em mim, quando a política, no sentido mais deletério, vem trazendo, de forma clara e ostensiva, prejuízo ao cidadão e, particularmente, à minha vida. Foi então que busquei observar, de forma isenta, como os atores do cenário atual no nosso país e no mundo vêm atuando, as tendências nocivas à comunidade, e como estar inserida nesse cenário exercendo a cidadania.


Tenho interagido com pessoas que pensam como eu, para compartilhar olhares desapaixonados e, portanto, em busca da verdade e realidade dos fatos, de forma objetiva e apoiada nas provas que se puder colher, num contexto mais amplo. Para mim, o mais eficaz instrumento de escolha de quem queremos que nos represente é o voto.


Mais a política que quero focar é a praticada pelo cidadão. O exercício da cidadania tem um campo amplo, que vai da educação social e coletiva, cujo princípio é o de mover-se dentro da comunidade em respeito ao direito dos outros, a atuar politicamente, ou seja, exercer um papel para promover o bem estar da comunidade. Nesse sentido, a meu ver, podemos exemplificar fazer reciclagem de lixo ou objetos inservíveis, ser síndico de um condomínio, fazer trabalhos voluntários, inseridos ou não numa instituição, tudo isso é política.


Ao aceitar o convite para compor a chapa eleita da Diretoria Executiva de uma Associação de Aposentados, meu foco era exatamente estar a serviço dos associados. E nesse sentido, sinto-me realizada de estar contribuindo para o bem estar dessa comunidade, cujos integrantes são também meus pares. Isso não quer dizer que eu ignore o que está acontecendo fora “das paredes” da instituição em que estou inserida. Mas me desagrada sobremaneira a política de troca de ofensas e acusações, a mais das vezes sem bases objetivas, e exclusivamente alicerçada no “achismo”. Essa é uma política, a meu ver, que não contribui para a alcançar o objetivo da ciência política, é desagregadora, alimenta a insatisfação, e desvia o foco do exercício da cidadania, pois não traz qualquer contribuição para a solução dos problemas e desafios a serem enfrentados. A minha base profissional de bacharela em direito não permite que eu saia da objetividade e relegue os princípios de direito que estudei, e apliquei ao longo de minha vida, e nos quais acredito.


Sim, eu sou um idealista, mas acima de tudo tenho um espírito cristão e acredito no potencial humano de se superar, se organizar politicamente para criar projetos eficazes, em prol da comunidade. E o sucesso da gestão participativa dessa Instituição que integro, na promoção da colaboração e criatividade dos associados, é um exemplo disso. E sou também realista, no sentido de perceber quando o oponente é maior do que eu, e que não conseguirei a vitória batendo de frente. Nesse sentido, rezo diariamente a oração dos alcoólatras anônimos:


“Senhor, me ajude a aceitar aquilo que não posso mudar, a mudar aquilo que posso, e a saber diferenciar uma coisa da outra.”