A Era do "Achismo" e o Voto

Tempos estranhos vivemos ... Momento em que muitos têm “opinião formada” sobre tudo. Os críticos de plantão não se demoram em trazer sua “palavra abalizada”, assim que alguém se aventura a se colocar sobre algum assunto ou tema. É a era do “achismo infundado”, do “não li e não gostei”. Sim, porque literalmente muitas vezes o comentário é lançado com base exclusivamente no título ou na resenha do que se contesta. Tivera lido o conteúdo, perceberia o despropósito da crítica.


O grupo de pessoas com déficit cognitivo só aumenta. São aqueles que não querem se dar ao trabalho, ou não desenvolveram a habilidade de interpretar apropriadamente um texto ou um discurso, de entender o que está sendo dito, e ainda assim, despudoradamente, se aventuram a dar sua nota, muitas vezes desqualificando o que foi dito ou escrito. Estão tão impregnados por essa atitude deletéria, que muitas vezes nem percebem o que fazem. Esse flagelo atinge até as pessoas imbuídas dos melhores propósitos. É preciso muita vigilância para não se contaminar.


Esse comportamento sai do meio das ideias e invade a intimidade do outro. Agora não só se critica o pensamento, rejeita-se igualmente o autor. E quando o “parecer” se torna público, rapidamente chega a adesão de outros vários, igualmente precipitados em sua ação.


Estamos na era da preguiça: preguiça de ler, de pensar, de se informar. Preguiça de pesquisar antes de postar um fake News ou uma “análise” mordaz. Preguiça de se inteirar dos fatos, das circunstâncias, da autoria; indolência de procurar o embasamento científico, técnico ou legal. Preguiça até de acompanhar as informações que ajudariam a tomar decisões conscientes na vida.


Levianamente é derramado o veneno sobre os outros. Ninguém é poupado: o político, o artista, o religioso, o líder, qualquer autoridade, além de colegas, amigos e a própria família. Voltamos à era das trevas, do escarnecimento público e apedrejamento coletivo, do julgamento sem provas e da condenação sem critério. São juízes sem toga nem diploma, a detonar a honra, o caráter e a vida de muitos. Juízes que não consideram os antecedentes nem precedentes, nem o vínculo afetivo de quem julga com quem é julgado. O rolo compressor passa por cima de todos, sem critério.


Há um clima de insatisfação generalizada, um prazer, muitas vezes inconsciente, em reclamar, em depreciar o outro, não importa por quê, nem do quê, sequer se há razão para isso. Nesse ambiente, a capacidade de apreciar, contemplar, desfrutar, acolher é irremediavelmente contaminada. A atmosfera é permanentemente cinza, o ambiente é de desconfiança e calúnia, o meio, de descabida defesa. É “eu ou o outro”, e não “eu e o outro”.


E é dessa forma que se caminha para fazer escolhas na vida, escolhas pessoais e escolhas que envolvem toda a coletividade, como é o do voto. Quem são essas pessoas que se dizem cidadãs e que não são capazes de separar o joio do trigo? Onde está a responsabilidade de um voto consciente? Agindo assim, o voto será mais um motivo de insatisfação futura, de julgamentos precipitados em sem embasamento, de insatisfação e de reclamações que deveriam ser dirigidas a si próprias por sua escolha.


Convém, então, refletir: Será que estão perdidos e enterrados o bom senso, o discernimento, a perspicácia, a ponderação? A humanidade está se tornando uma turba de autômatos e zumbis, hipnotizados por sua própria incapacidade de se ver, de ver o outro, de ver o mundo como realmente é? Perdeu-se a capacidade de acreditar, de sonhar, de ter fé na vida, nos outros, na humanidade e até em si próprio?


É hora de sair desse lugar em que voluntariamente nos colocamos. A chegada pode ter sido inconsciente, mas a saída precisa ser uma escolha. Imprescindível ter força e determinação para superar a auto ilusão, e persistência para sustentar o passo. Tenho esperanças de que chegará o momento em que a auto alienação dará lugar à sabedoria, que aqueles que hoje estão perdidos de si, volte à condição de seres pensantes, capazes de raciocinar. E que todos sejamos dignos de nos qualificar como Seres Humanos. Com Deus, sempre no Comando.