Auto Estima na Vida Madura

Para falar da auto estima, com foco na mulher madura, é preciso conhecer a diversidade de realidades que a desafia, muitas vezes alheias à sua vontade.


Para quem ainda desfruta da continuidade de uma vida a dois feliz, em que o casal se adaptou às mudanças do tempo na convivência, a auto estima não é uma dificuldade. Mas há quem amargue um casamento, já há muito fracassado. E aquela que está só por opção ou por falta dela, sofre muitas vezes o revés do destino, que lhe dá a tarefa de substituir a mãe com os cuidados dos netos, ou de ser cuidadora do companheiro e pais idosos. Ainda que dotada de paciência, abnegação e amor, essa missão pode ser desvitalizante, sob o ponto de vista físico e emocional. Para elas, urge encontrar uma fonte de prazer que as revigore e suavize o seu mister.


Há, no entanto, aquelas livres de encargos, atônitas com a solidão que se seguiu depois de uma vida de casa cheia. E que mesmo encontrando prazer em sua própria companhia, ainda sonham com alguém para usufruir de momentos agradáveis, ou até mesmo de um novo casamento. Para elas o desafio é maior, é grande a concorrência com mulheres no auge de sua exuberância.


Não existe idade para entrar na curva do declínio emocional, mas na idade madura ela se acelera pela decadência física, que interfere sobremaneira na auto estima feminina. Os homens, em geral priorizam nelas os atrativos físicos, o vigor e o viço. São pouco interessados no rico universo interior feminino, muitos sequer o entendem, sentem-se perturbados e confusos com seu contato. E é nessa fase que a mulher o vive em sua plenitude. É um lamentável desencontro.


Enquanto alguns homens não sabem lidar com a transformação do corpo feminino, a mulher, por motivos vários, é indulgente com os parcos atributos estéticos deles ou com sua degradação. Pode ser por uma questão cultural, pelo equivocado instinto materno, pela busca de um pai, e outros. Nesse mister a mulher está em vantagem, porque desenvolveu a capacidade de apreciar outros atributos masculinos como a inteligência, a sensibilidade (de poucos), os talentos artísticos, a habilidade de agregar, entre outros.


Há aqueles na fase madura, por sua vez, que sofrem com o declínio da virilidade sexual, porque durante a vida toda esse foi o único ponto de identificação para se sentir homem, frente a outro homem ou a uma mulher. Nessas condições, não sabe interagir com a mulher, sente-se inseguro. Paradoxalmente, a mais das vezes, é intolerante à maturidade física feminina.


Mas há uma característica que se destaca, e que seduz a mulher, que é a genuína auto confiança de alguns. Auto confiança que elas se despojaram, por não crerem na sobrevivência de sua capacidade de sedução.

A sedução é a arte de atrair, cativar, convencer, instigar, e para isso não é preciso beleza, juventude ou virilidade, sob o ponto de vista sexual. É preciso vigor e viço, sim, não do corpo perfeito, mas da energia que emana, da vitalidade que expressa, do entusiasmo de viver.


É aí que entra a auto estima, que não exige a aprovação do outro, é um namoro de si consigo mesmo, é a auto admiração, auto respeito, a auto aceitação plena de quem se é, com suas qualidades e defeitos. É se amar porque se conhece, por apreciar o que já conquistou no apuro de suas aptidões, e pela confiança em seu potencial. É o auto perdão dos erros, porque aprendeu com eles e redirecionou sua vida. É a constante atenção a si mesmo, a auto observação de cada passo, o compromisso em ser, a cada dia, a sua melhor versão.


Esse tipo de auto estima seduz criança, adulto, idoso, gato, cachorro, a vida, não importa em que fase do tempo se encontre. Ela afasta a dependência emocional, a tentação em concessões degradantes, a necessidade de admiração do outro.


A natureza é sábia, e se no inverno da vida tanto o homem quanto a mulher carecem dos hormônios, que na juventude os impulsionou para o sexo, é preciso reinventar a sexualidade, e também encontrar outras fontes de prazer que conciliem as necessidades do corpo e do espírito. Agora estamos mais próximos do mundo espiritual, para onde iremos ao fazermos a travessia. Para uma vida feliz a dois na maturidade, é preciso um encontro de almas. Almas enamoradas de si.