O Malfadado Corona

Gosto muito do humor
Nos versos que eu escrevo
Com Corona é diferente
Não sou louco, não me atrevo
Temos sim, que respeitá-lo
Se puder, até matá-lo
Arrancar nervo por nervo.


O tal de sair de casa
Era muito apetitoso
Caminhar no velho parque
Um programinha manhoso
Meu Deus, se nem isso pode!
Adonde o véi se sacode?
Vai ficando preguiçoso.


Frequentar supermercado
Era outra distração
Agora ficou difícil
Para nossa proteção
Somos do grupo de risco
Pode vir um mini cisco
E lascar o ancião.


Tá tudo muito difícil
Não se pode ir à igreja
Lugar fechado? nem, nem
Qualquer um que ele seja
Até ronco de avião
Não se escuta mais não
Onde é que a gente esteja.


Quem for viciado em shopping
Cuidado nessa abertura
Tem um tal de protocolo
Cheio de muita frescura
Será que vai proteger?
O melhor é se conter
Fica em casa, criatura.


Tem roupa sem ver o sol
Trancada quase mofando
Meu dono me abandonou
Acho que tá viajando.


Esqueceu de mim, danou-se
Eita lá, que bom se fosse!
Tô eu aqui esperando.

O carro quase não sai
Se brincar fica entrevado
O combustível baixou
Mas não vi o resultado
Sem ter para onde ir
Nem tampouco donde vir
Nada tenho aproveitado.


Os gostosos cafézinhos
Nas nossas cafeterias
Encontros bem animados
Dessa nossa confraria
Foram para o beleléu
Sumiram a sopa e o mel
E um tiquinho de anarquia.


Sem falar no nosso encontro
Às terças o grande café
Uma vezinha por mês
Com bingo e arrastapé
Muita falta tá fazendo
Já tou aqui me lambendo
Volte logo, tenho fé.


A receita é muito simples
Pra gente se proteger
Difícil não é falar
Difícil é obedecer
Ficar em casa guardado
Quietinho e sossegado
Para não adoecer.


Acredite em nosso Pai
Êle há de nos ouvir
Para que estrebuchar
Querendo se divertir?
Guenta o tranco, sim senhor
Senhora, véio ou doutor
Tempo melhor há de vir.


Nem sei se vocês notaram
O negócio é esperar
Ou verbinho safadinho
Que faz a gente cansar
Pra todos um grande abraço
Espero que seu cansaço
Teja perto de acabar.