No fim dos anos sessenta
Houve a unificação
Das Caixas Estaduais
Existentes na Nação
Nascia a famosa CEF
Sigla que ninguém esquece,
Mudou, mas não muda não
A nova empresa surgiu
E precisava crescer
Mas só em setenta e dois
É que foi acontecer
Concurso nacional
Para um cargo inicial
Corri e fui me inscrever
Era só na Guararapes
No décimo primeiro andar
A fila naquela escada
Com um calor de lascar
Essa fila pouco andava
Ninguém ali reclamava
Foi disposto a esperar
Dez mil vagas no Brasil
Era um emprego arretado
As provas aconteceram
Aguardar o resultado
Logo veio a relação
Nome e classificação
Ninguém ainda aprovado
Tinha a eliminatória
Só pensar nela doía
Era um bicho papão
A tal datilografia
Se lascou, tá descartado
Se passou será chamado
É só aguardar o dia
O exame de saúde
Era pra lhe consagrar
Devia tá bom de tudo
Pro doutor não reprovar
Se tivesse uma coceira
Ou batesse a tremedeira
Voltava pra se tratar
Também o psicotécnico
Chatinho e encabulado
Ver se o cabra era doido
Ou meio desaprumado
O doutor observando
A gente deambulando
Pra frente, pra traz, de lado
O médico da própria Caixa
Dava o seu laudo final
Aprovado era aguardar
Portaria oficial
Chegava grande momento
Levar cada documento
Ao Setor de Pessoal
Toda documentação de praxe
Mas alguns bem diferentes
Pedia Folha Corrida
Fussavam a vida da gente
Carteira Profissional
Diploma Ginasial
Fotos com data recente.
Outubro setenta e quatro
No dia trinta cheguei
Ao chefe seu Paulo Lemos
A quem me apresentei
Vai trabalhar comigo
E me deu logo um castigo
Assim que eu me sentei
Vá para aquele birô
Fazer sua admissão
Começa a trabalhar hoje
Vou fazer o seu cartão
Agora corte o cabelo
Amanhã já quero vê-lo
Com outra apresentação
Fazer o quê, fui cortar
Meu cabelo nesse dia
Tive sorte em trabalhar
Na cidade onde eu vivia
Os primeiros colocados
Há dois anos contratados
Foram muitos pra Bahia
Aqui eram nove agências
Com cinco na Capital
Casa Amarela, Afogados
Na Guararapes, a Central
Recife, Encruzilhada
Cada qual mais acanhada
Um desconforto total
Lá na Marquês de Olinda
Era o Posto de Penhor
As outras quatro agências
Ficavam no interior
Sobre a Agência Central
A Sede da Filial
Nada de computador
No Sertão nem se falava
Era uma em Limoeiro
Outra em Caruaru
Terra de muito dinheiro
Nazaré mandava a cana
Girava uma boa grana
Garanhuns por derradeiro
Era o Gerente Geral
A maior autoridade
Sede e dois Departamentos
Um de Contabilidade
O outro administração
O Jurídico Divisão
Dono de toda verdade
A Loteria Esportiva
Num enorme casarão
Era na Ilha do Leite
Nas lojas, uma multidão
Todos querendo jogar
Com o sonho de cravar
Treze pontos no cartão
Observando os painéis
De nossas fotografias
Me chega à mente de hoje
A mente daqueles dias
Com todo mundo em ação
Permeando o coração
Com tensões e alegrias
Foi um bom tempo, não foi?
Excelente o de agora
Pra relembrar muitos causos
Citando até dia e hora
É um volume infinito
Chato, ruim, bom ou bonito
Nossa vida de outrora
Deixo um convite aos amigos
Pausa nessa pandemia
Lembrem dos causos vividos
Na Caixa em seu dia-a-dia
Mandem pra gente sorrir
Como é bom se divertir
Na paz, com muita alegria.
